quarta-feira, 15 de julho de 2009









Quem nunca teve um especial interesse por relógios, principalmente modelos mecânicos suíços e alemães, conhecidos como símbolo de precisão e acabamento. Na actualidade, em que todos os bens são projetados para não durar, os relógios mecânicos ainda demonstram uma época em que o cuidado na manufatura de um objeto atingia limites extremos.Com a dominação dos relógios a quartzo, é impressionante que algumas fábricas ainda se disponham a projetar mecanismos mecânicos extremamente complexos, com uma única função precípua: "marcar o tempo". Tome-se como exemplo o modelo IWC IL Destriero Scafusia, com mais de setecentas peças, vinte e uma funções, dentre as quais um calendário perpétuo, fases da Lua e um mecanismo para atenuar os efeitos gravitacionais sobre o movimento. A construção do mesmo dura cerca de um ano e é altamente complexa. Tudo isto para obter um relógio menos preciso e infinitamente mais caro que um modelo a quartzo com as mesmas funções. O seu mecanismo representa o máximo em perfeição, tornando-se um desafio para os seus construtores e orgulho para os seus donos.


O relógio mecânico também demanda cuidados, o que resulta numa forte ligação entre dono e relógio. O relógio a quartzo, pelo contrário, não necessita de atenção, quando muito uma troca de baterias.


Ajustes frequentes de data e hora, gastos com manutenção, possibilidade de defeitos... Somente a paixão para motivar as pessoas a desejar um relógio mecânico.

ALGUNS MODELOS...
OMEGA Constellation
O Omega Constellation é conhecido como o relógio produzido em série com o maior número de certificados de precisão emitidos pelo C.O.S.C (instituto suíço oficial de testes cronométricos).Os observatórios astronômicos sempre tiveram um grande envolvimento com as fábricas de relógios. Da década de 1940 até o fim da década de 1960, promoviam competições árduas com o intuito de aferir o mais preciso mecanismo. Estas competições, que duravam vários dias, eram importantes como estratégia de marketing e venda das empresas. Diversos relógios eram produzidos especialmente para tais ocasiões, visando a mais perfeita performance.As companhias que mais se sobressaiam naquela época eram a Longines, Patek Philippe, Movado, Zenith e Omega. Para comemorar suas as vitórias, a Omega lançou um modelo com nome relacionado à Astronomia, possuindo um medalhão em forma de observatório na sua tampa traseira. Todos os Constellation, como foi chamado o modelo, possuiriam certificados de cronômetro emitidos pelo C.O.S.C.A Omega produziu, na década de 1960, uma série de 100.000 Constellation que não só foram aprovados nos testes do C.O.S.C, como receberam a classificação "aprovado com distinção". Este recorde nunca foi quebrado. Actualmente, de cada 100.000 movimentos enviados ao C.O.S.C, cerca de 2000 a 5000 são reprovados. Naquela época, o índice era de quase 25.000 relógios reprovados em cada série de 100.000.A Omega, apesar da constante padronização dos ébauches usados em relógios automáticos, continua a modificá-los com o intuito de manter a tradição relativa à precisão e qualidade de suas peças.O actual Constellation, por exemplo, utiliza um ébauche ETA 2892-A2. O seu movimento, no entanto, possui um sistema de carga completamente novo, com a adição de dois rubis, além de acabamentos decorativos e regulação em 5 temperaturas e 5 posições.

SWATCH Irony Automatic
Com a popularização dos relógios a quartzo, ocorrida a partir da década de 1970, as indústrias suíças mergulharam numa grande crise. Cerca de 800 fábricas foram à falência somente neste período. A indústria suíça não sobreviveria frente aos produtos eletrônicos produzidos em massa pelos japoneses, que rapidamente ganhavam mercado em todo o mundo. A Omega, por exemplo, foi à bancarrota em 1983.
Nicolas G. Hayek, presidente da Hayek Engineering, foi contratado para tentar reverter a situação das empresas suíças, a partir da elaboração de estratégias de desenvolvimento e marketing. Assim, foi realizada a fusão de renomadas fábricas, bem com a criação de um novo e acessível produto: o Swatch. O grupo de empresas criado por Hayek foi denominado SMH e, apenas 5 anos depois, já era a maior companhia fabricante de relógios do mundo.
O Swatch Group, como atualmente é denominado o SMH Group, engloba várias marcas, dentre as quais a Blancpain, Omega, Longines, Swatch e Tissot.
A fusão das empresas e a criação do Swatch foram medidas fundamentais para a manutenção das fábricas suíças. Actualmente, porém, todo o processo de fabricação dos relógios suíços é terceirizado, visando a diminuição de custos. As fábricas que construíam os seus relógios peça por peça não mais existem, com raríssimas excepções.
O Swatch Irony Automatic é, sem dúvida alguma, o relógio suíço automático mais barato do mundo. Pode-se adquirir um por não mais do que 100 euros. O acabamento do mesmo, evidentemente, é apenas razoável. O movimento não parece ter qualquer tipo de polimento, assim como as partes da caixa que não se encontram à mostra. O Swatch Irony Automatic, apesar disso, é uma obra primorosa de engenharia.

LONGINES Avigation Chronograph
"Há o céu. Continuamente chamando-nos, mas fora de alcance. Aquele cativante infinito azul além das nuvens, infinito... Onde LONGINES acompanhou os maiores pioneiros da história da aviação, quando eles realizaram os seus sonhos mais selvagens. Os seus maiores desejos. Guiados por um insaciável desejo de fuga, para descobrirem novos horizontes e seguirem novos desafios. E estarem livres, à frente do seu tempo."Este ensaio, existente no certificado de origem que acompanha o relógio, resume a intenção da LONGINES quando do lançamento da linha Avigation. A LONGINES sempre teve grande envolvimento com a aviação. É importante ressaltar que vários pioneiros utilizavam relógios LONGINES, como CHARLES LINDBERGH (o primeiro homem a atravessar o oceano Atlântico, partindo de Nova Iorque e alcançando Paris), AMELIA EARHART (a primeira mulher aviadora a alcançar feitos históricos) e HOWARD HUGHES (dono da Hughes Aircraft, que em 1930 deu a volta ao mundo em 4 dias).A LONGINES conseguiu captar o espírito desta época através do modelo Avigation. O relógio é praticamente uma réplica dos cronógrafos dos anos 40, com seus numerais em arábico, mostrador branco, caixa plana e vidro em cristal mineral (a safira foi adotada nos modelos a partir do ano de 2002). Segue a tradição dos clássicos relógios de aviação, como o BREITLING Navitimer (à esquerda).O relógio possui um movimento Longines L651, baseado no ETA 2894-2, com 28mm de diâmetro, 6,25mm de altura e 37 rubis.Este movimento possui construção modular e cronógrafo com sistema shuttle. O módulo de carga é baseado no aclamado ébauche ETA 2892-A2, com algumas modificações: folheado a ródio, acabamento perolizado nas platinas e rotor e bordas chanfradas.O módulo do cronógrafo também é fabricado pela ETA, sendo bastante semelhante àqueles desenvolvidos pela Dubois-Dépraz. O seu funcionamento, porém, parece mais impreciso do que os manufaturados pela Dépraz. O accionamento do cronógrafo do Longines Avigation, por exemplo, requer mais força do que no Omega Speedmaster Reduced.O movimento ETA 2894-2 necessita de ferramentas específicas para sua desmontagem, só encontradas na assistência técnica Longines de São Paulo/SP.O relógio, apesar disso, é bastante preciso e pode ser facilmente ajustado segundo os parâmetros do COS

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A história do relógio


apenas um dos muitos métodos que foram utilizados no passado para medir o tempo, outros métodos são: a observação das estrelas, os relógios de água e areia e outros engenhos que com maior ou menor acerto fazem parte de um percurso que continuou até aos nossos dias. Todos os relógios funcionam seguindo um princípio semelhante, que consiste em contar um ciclo regular que nos permite medir o tempo. Dito de outra forma, a medição do tempo consiste na comparação de um evento fixo com outros que usualmente desconhecemos.StonehengeNa antiguidade usavam-se como pontos de referência para a medição do tempo os acontecimentos naturais como, por exemplo, a duração do dia ou a observação dos astros. Por vezes a medição não era destinada a determinar a hora do dia mas mostrava determinados eventos que interessavam aos nossos ancestrais como por exemplo os solstícios (Stonehenge). Outros relógios, em vez de se fixarem num acontecimento externo usam um mecanismo próprio com uma duração constante; um dos primeiros aparelhos deste tipo foi criado pelos egípcios cerca de 1400 anos a.c., e denomina-se clepsidra ou relógio de água; o seu princípio consiste no facto de uma determinada quantidade de água necessitar sempre do mesmo tempo para passar gota a gota de um recipiente para outro. Este mecanismo foi posteriormente aperfeiçoado por outras culturas, como por exemplo a chinesa ou a hindu. Estes relógios continuaram a ser utilizados com formas cada vez mais elaboradas durante séculos. Os egípcios além de clepsidras utilizaram relógios de sol para a medição do tempo, um destes relógios, datado do século VIII a.c., ainda se conserva no Egipto. Outras civilizações utilizaram objectos simples de forma engenhosa como, por exemplo, na civilização chinesa queimava-se uma corda com nós regulares e observavam o intervalo de tempo necessário para que o fogo passasse de um nó ao seguinte. Os relógios mecânicos apareceram no século XIII, sendo bastante inexactos e em muitos casos aparatosos. As primeiras referências aparecem em livros de Alfonso X o sábio, mas posteriormente grandes personagens como Leonardo da Vinci contribuíram de uma ou de outra forma para o desenvolvimento de engenhos mais precisos para medir o tempo. Posteriormente apareceram os primeiros relógios de motor que se baseavam na utilização de pesos. Os relógios portáteis apareceram no século XV com a invenção do motor de mola. O passo seguinte foi dado com a criação do relógio pendular, cujo princípio foi concebido por Galileo, embora tenha sido Huygens, um cientista holandês, que o materializou em 1656. Este relógio representava um grande avanço relativamente aos anteriores, dado que só se desfasava cerca de dez segundos por dia. Durante este mesmo século apareceram os primeiros relógios de bolso. O relógio de pêndulo aperfeiçoou-se durante quase três séculos, até que em 1929 um cientista Americano, Warren A. Marrison, inventou o relógio de cristal de quartzo, cujo funcionamento se baseia na vibração que o cristal experimenta quando é submetido a uma voltagem eléctrica. Um relógio de quartzo actual de extrema qualidade desfasa-se um milissegundo por mês, se tivermos um aparelho de qualidade inferior, este desfasamento, ou até mesmo um maior verificar-se-á em poucos dias. Estas são estimativas em condições ideais; no entanto, o envelhecimento do vidro, a sujidade e outros agentes podem muitas vezes prejudicar a precisão destes aparelhos. Em meados do século passado, 1948, foi criado o primeiro relógio atómico, baseado na frequência de uma vibração atómica. A sua precisão não era muito superior à dos relógios de quartzo da altura; no entanto, seguindo o mesmo princípio, desenvolveram-se posteriormente relógios atómicos que obtêm uma precisão extraordinária, dependendo fundamentalmente do átomo utilizado. Os exemplos mais comuns são o relógio atómico de césio, com uma exactidão extraordinária (desfasar-se-ia aproximadamente um milissegundo em 1400 anos) ou o de rubídio que se utiliza mais frequentemente devido ao seu custo inferior e pelo facto de se desfasar cerca de um milissegundo em vários meses.